Casos de maus-tratos contra animais são cada vez mais frequentes no noticiário jornalístico. Mas a história da cadelinha Manuela impressiona pelo desfecho. Após cair de uma laje e não ser socorrida pelo próprio tutor, o animal precisou amputar as duas patas esquerdas.
Para a surpresa de todos os funcionários da Coordenadoria de Proteção à Vida Animal (Coprovida) de Santos, Manuela não somente consegue andar, como também se levanta e come sozinha. “Em mais de 20 anos lidando com animais, eu nunca vi um cão amputado conseguir andar e correr só com as patas de um lado do corpo. A recuperação dela é impressionante”, afirma a responsável pela Coprovida, Leila Abreu.
Uma das explicações para tamanha resistência é a idade do animal: Manuela tem pouco mais de um ano. Além de ser muito dócil, também é muito ativa. A Manu – como também é chamada pelos funcionários da Coprovida – adora correr e brincar como qualquer cão jovem. A outra razão para Manuela conseguir se equilibrar só com as patas direitas é o porte físico semelhante aos cães da raça whippet, cujo corpo é esbelto e com forma anatômica ideal para atingir grandes velocidades. “Só conhecia a história de um whippet, nos Estados Unidos, que anda com as laterais. No Brasil, é a primeira vez que vejo um animal como a Manuela”, destaca Leila.
Ela se refere a Dominic, um greyhound (galgo inglês, semelhante aos whippets), que teve as duas patas direitas amputadas após ser atropelado. No caso de Manuela, o motivo da retirada das duas patinhas esquerdas foi a crueldade.
Omissão
Há três meses, a cadela foi levada à Coprovida por uma mulher que estava hospedada na casa dos tutores de Manuela. Na ocasião, ela contou que esperou os tutores saírem do imóvel, na Zona Noroeste, para buscar ajuda porque não aguentava mais ver tanto sofrimento. Após cair da laje, o animal teve fraturas expostas nas duas patas esquerdas. “Mas os tutores abandonaram a cadela machucada no quintal durante 15 dias. Devido à dor, ela não conseguia se alimentar. Por isso, também chegou aqui desnutrida”, lembra a coordenadora da Coprovida.
O responsável pela cadela foi intimado a comparecer no órgão da Prefeitura. Ele foi multado em R$ 1 mil por maus-tratos e omissão de socorro. De acordo com Leila, a multa varia de R$ 50,00 a R$ 1 mil. “Aplicamos a multa mais alta. Além disso, a Manuela ficou sob a nossa guarda porque avaliamos que se ela fosse entregue aos donos correria risco”.
Recuperação
A cadela foi submetida a duas cirurgias ortopédicas para a colocação de pinos nas patas fraturadas. Mas, o procedimento não teve sucesso por causa de um quadro infeccioso. “Como ela permaneceu muito tempo sem cuidados médicos, a infecção acabou atingindo os ossos. Por isso, os pinos não se fixaram. A única saída foi amputar os dois membros”, explica Leila.
Manuela teve a pata dianteira amputada há um mês. Na semana passada, foi a vez da pata traseira. “Apesar de a operação ser recente, ela logo começou a correr e brincar. Ficamos todos muito impressionados com a vontade de viver da Manu”, diz a responsável pela Coprovida.
Assista ao vídeo da cadela Manuela aqui.
Fonte: Jornal A Tribuna
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