Até 135 mil focas e cetáceos sofrem, todos os anos, danos causados pelo lixo oceânico despejado em todo o mundo. Esta é a estimativa apresentada em um novo relatório elaborado pela WSPA – Sociedade Mundial de Proteção Animal, intitulado "Trapped" (em português, “Presos”). Esta e outras questões foram discutidas no primeiro Simpósio Mundial sobre Bem-Estar Animal, Entrelaçamento e Detritos Marinhos, que aconteceu esta semana, em Miami.
Promovido pela WSPA com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), este foi o primeiro simpósio dedicado à questão do lixo oceânico a partir da perspectiva do bem-estar animal. O evento trouxe ainda diversas outras discussões, análises críticas e a participação de mais de 60 especialistas de governos, organizações intergovernamentais e instituições de pesquisa.
Segundo Claire Bass, à frente das campanhas para oceanos da WSPA Internacional, a WSPA planeja tomar iniciativas globais para enfrentar o problema. Através do simpósio, a ONG quer compartilhar informações acerca de suas causas e proporções, e acordar soluções que tenham como foco o bem-estar animal. Os debates serão estabelecidos em torno da: redução do atual montante de destroços marinhos que levam ao emaranhamento de animais; remoção de destroços marinhos já encontrados no habitat natural destes animais; e resgate de animais vitimados por esse lixo oceânico.
“Nosso simpósio representa o primeiro grande passo desta nova campanha da WSPA para combater os resíduos oceânicos. Ele nos ajudará a entender onde e como poderemos agir para darmos um fim a este sofrimento covarde e totalmente desnecessário para os animais,” frisou Claire.
Apesar de bem documentada por ambientalistas e conservacionistas, a questão do sofrimento animal ainda não havia sido, até então, devidamente abordada nas discussões sobre lixo e destroços oceânicos - problema que afeta centenas de espécies. Estimativas do relatório informam que, por ano, entre 57 mil e 135 mil animais focas e baleias de grande porte se entrelaçam com algum tipo de lixo oceânico, como cordas, redes, fitas adesivas e embalagens plásticas.
O estudo também destaca os inúmeros sofrimentos de que estes animais são vítimas. No caso das tartarugas, por exemplo, a ingestão acidental de sacos plásticos pode levá-las à morte por sufocamento em questão de minutos. Já as baleias podem passar vários anos arrastando redes ou equipamentos de pesca, acumulando terríveis ferimentos em seus corpos e podendo até morrer em consequência de infecções ou inanição por não mais poderem se alimentar.
No caso dos pássaros – e, muito provavelmente, de milhões deles –, é bastante comum a confusão entre plásticos e alimentos, com consequências obviamente trágicas. Estudos recentes com as espécies mais afetadas no Mar do Norte demonstraram que 94% dos pássaros analisados continham, em média, 34 pedaços de plástico em seu organismo. O tamanho médio dos materiais plásticos ingeridos é de 0,3g, o que, em proporções humanas, equivaleria a uma porção de comida para um ser humano adulto.
Ventos e correntes marítimas carregam estes materiais, ao longo de várias milhas, para pontos críticos dos oceanos, como a área denominada “Lixão do Pacífico”, que contém plásticos, resíduos químicos e entulhos, em um volume estimado em torno de 100 milhões de toneladas, abrangendo hoje uma área equivalente aos territórios da França e da Espanha juntos.
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