Uma bolsa de sangue pode salvar a vida de 4 animais, mas a prática da doação ainda não é comum entre donos de pets. Saiba como o seu bichinho pode ajudar.
O que acidentes, lesões, traumas, cirurgias, doenças causadas por carrapatos, anemias e tumores, que atingem pets diariamente, têm em comum? A transfusão de sangue, que pode ser parte do tratamento ou a única saída para salvar a vida do seu melhor amigo em uma emergência.
Infelizmente a doação de sangue entre cães e gatos ainda não é um costume entre os donos. Até no Hospital Veterinário da Universidade de SP (USP), um dos principais do país, o estoque de bolsas de sangue é praticamente nulo. “O número é bastante reduzido, às vezes ficamos meses sem nenhuma doação”, alerta a prof. Denise Fantoni , responsável pelo banco de sangue do Hospital Veterinário da USP. Segundo a veterinária, são utilizadas mais de 20 bolsas de 450 ml mensalmente.
A urgência e a necessidade do sangue também é uma dura realidade para nós, humanos. Na Fundação Pró-Sangue são coletados 12 mil bolsas mensalmente, e mesmo assim só suprem 32% do sangue consumido na região metropolitana de SP.
Se para os seres humanos já é difícil, para os bichos a dificuldade é muito maior. “A maioria dos donos desconhece que existe transfusão entre os animais, e só tomam conhecimento quando os próprios pets enfrentam situações clínicas que necessitam do procedimento”, explica Dra. Simone Gonçalves, responsável pelo laboratório e centro de hemoterapia veterinária, o Hemovet.
Quando diagnosticado que o animal precisa da transfusão, o veterinário entra em contato com algum hemocentro e solicita uma bolsa de sangue, o valor varia entre R$90 e R$170. O alto custo, a dificuldade de encontrar doadores e a correria do dia a dia, faz com que esse momento sofrido fique ainda mais aflitivo.
No Rio de Janeiro, o Hemopet encontrou uma maneira de driblar a falta de tempo dos donos de animais: a coleta é feita na própria casa do futuro doador, fator que ajuda a prevenir o estresse do pet.
Mesmo assim, a batalha é diária para conseguir novos interessados. “Divulgamos nosso trabalho em meios de comunicação, feiras de cães ou qualquer evento relacionado, mas a nossa melhor divulgação é o boca-boca de nossos doadores”, esclarece a sócia do Hemopet, Dra. Luciula Moreira Kfuri, que comprova que a boa impressão do processo é a maior propaganda.
Foi exatamente a sugestão de uma amiga que despertou essa possibilidade na vida da webdesigner Marina Corrêa e de seu labrador Francesco. “Quando soube do Hospital Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi, fui conhecer, e assim vi o tamanho da necessidade”, recorda Marina. “É triste ver o quanto as pessoas se sentem impotentes por não conseguir salvar a vida de seu melhor amigo porque não tem uma bolsa de sangue”, completa a protetora.
Saber que o sangue de Francesco poderia salvar a vida de quatro cães foi o detalhe final para a tomada de atitude. “Quando eu vi que poderia fazer a diferença, meu cão salvar vidas e conscientizar outras pessoas, não tive dúvida”, orgulha-se a mãezona do Francesco, doador há 4 anos.
E os gatos?
No Brasil a situação dos felinos é muito mais complicada. Não existem bancos de sangue disponíveis porque a bolsa adaptada para armazenar a coleta ainda não existe aqui. Hoje em dia, quando há um gatinho carente, os bancos e os próprios veterinários correm para encontrar um doador disponível e compatível, que possa doar o sangue no mesmo dia.
Com 22 anos nesse mercado, a empresária Elaine Jordão, dona do Gatil Blaze Star, confirmou que não existem criadores de gatos parceiros de hemocentros. “Seria uma coisa interessante, mas acho difícil um criador levar seu animal para doar sangue”. A proprietária do Gatil Bless Kellyas, Fátima Kellyas, reforçou a opinião de Elaine, “também acho difícil, o persa, por exemplo, é muito sensível e acaba se estressando facilmente”.
Contrariando a postura dos gatis, alguns canis comerciais cumprem um importante papel social ao se tornarem parceiros dos bancos de sangue consultados nessa reportagem.
Por que doar?
O processo é indolor e a quantidade de sangue retirada não prejudica o animal. Antes da transfusão o animal passa por uma minuciosa avaliação. Uma ótima oportunidade de ganhar o famoso “check up”, às vezes negligenciado pelos donos por falta de recursos ou tempo. “Realizamos exames para as principais doenças em todos os nossos doadores, como hemograma, erliquiose, Lyme, dirofilariose, leishmaniose e brucelose. Todos os exames são gratuitos”, garante a Dra. Simone, da Hemovet, em SP.
Tomando certos cuidados, como a escolha de um banco sério e com profissionais competentes, a doação de sangue é um enorme ato de amor, como conta a “mãe” de Francesco, Marina:
“Certa vez uma cadela estava praticamente imóvel na maca. Eu vi quando preparavam a transfusão e fui acompanhar o processo. Eu comecei a falar com ela, disse que estava recebendo sangue de um cão muito arteiro, cheio de energia e que tinha que reagir, nesse momento ela abriu os olhos e em seguida levantou a cabeça. Foi uma festa! Os donos não sabiam como agradecer, então eu lhes disse, não precisa me agradecer, o meu agradecimento foi ver a filha deles reagir com o sangue do meu filho. Não tem nada no mundo que pague essa sensação”.
Quem pode doar
Cães
Peso mínimo: 27 kg
Idade: 1 a 8 anos
Vacinação e vermifugação em dia
Não pode ser portador de doenças crônicas
Estar clinicamente saudável
Temperamento dócil
Gatos
Peso mínimo: 4,5 kg
Idade: 1 a 8 anos
Vacinação e vermifugação em dia
Não pode ser portador de doenças crônicas
Estar clinicamente saudável
Temperamento dócil
Onde doar
Rio de Janeiro
Hemopet
Telefones: (21) Luciula 7855-8898 id: 83*31055 / Roberta 7854-5433 id: 83*30226.
Site: http://www.hemopet.net
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